Poesias

sexta-feira, novembro 20, 2009


As vezes eu tento rabiscar umas poesias. Eu encontrei um que eu fiz pensando num amigo que morreu muito jovem.


Relâmpago

Um relampago que ainda não o é
se forma em nuvens e nos campos de café
um raio na velocidade da luz
que não só de eletricidade conduz
um raio, relampago no céu
vem com ventos e nuvens pretas
raio vento e chuva me faz segurar o chapéu
batendo as portas e janelas
seu som nunca se espera
perto ou longe
fraco ou forte
num minuto se ilumina
tão logo faz sua morte

um relampago que ainda não é
mostra seu unico brilho
não um qualquer
que por um minimo instante
até uma lente pode captar distante
sua raiz nos campos de café
inconstante misterioso e eterno
que mistério da vida tu esconde
num instante de estronde?
perto ou longe
fraco ou forte
num minuto se ilumina
tão logo faz sua morte

de sua morte então
conto um dois, tres!
e ressoa seu trovão
que tanto ruge luz celestina
será um grito de dor
ou de uma eterna jubilina?
trovão que não me ouve me responda
será que dentro daquele raio
existia uma anaconda?
trovão que não me ouve me responda
seria um universo inteiro
um mundo estrangeiro
com campos de café
e homens que por dinheiro
que como neste que vivo e cheiro
relinches assustados dos cordeiros
num instante vivos e mortos
sabios e dessabidos
vencedores e vencidos
vencidos pelo tempo ceifeiro
um instante e mais nada
dentro do raio ligeiro
perto ou longe
fraco ou forte
num minuto se ilumina
tão logo faz sua morte

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